As festividades mais remotas da freguesia estavam ligadas aos costumes religiosos, mais concretamente com as actividades que se desenvolviam nas confrarias. De facto, eram os seus membros que se dedicavam aos rituais de veneração ao seu santo padroeiro. Solenidades essas em que o carácter sagrado se aliava naturalmente às práticas festivas profanas.
Os locais por excelência da realização das festas religiosas são as igrejas, capelas ou outros monumentos existentes na freguesia.

Igreja matriz

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Uma das mais conhecidas festas da Igreja matriz era a Festividade em honra da Senhora das Dores onde eram promovidas grandes solenidades externas com sumptuosidade e onde se realizavam orações e manifestações de rua. Ao contrário da solenidade da Devoção das Almas onde eram realizados sufrágios com exéquias e outras orações ou a Devoção do Subsino que promovia sobretudo a caridade, na Senhora das Dores, eram organizados grandes cortejos ou procissões com bastantes figurantes e vários andores incorporados. Quase todos os santos possuíam a estrutura dum andor próprio. O armador cobria-o de panos e adornos vistosos que eram guardados no salão paroquial. O percurso das procissões não era sempre igual. Acompanhada pela música, a procissão tanto poderia dar a volta no Lugar do Assento, como o seu itinerário poderia compreender a capela do Senhor dos Milagres. Estas festividades eram famosas nos arredores da freguesia, trazendo, por isso, inúmeros forasteiros que assistiam e também participavam activamente seja nos “sermões de prestígio”, feitos por oradores categorizados, ora acompanhando a própria procissão.

Em Maio realizava-se há desde séculos a Festa do Santíssimo Sacramento. Esta solenidade em Palmeira revestia-se de grande piedade eucarística, não faltando por isso muitas ofertas. Além do culto especial de adoração, de conservação das ricas alfaias, constava de missa cantada com uso de instrumentos musicais, o habitual sermão do reverendo abade e á tarde realizava-se a procissão.

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Ligadas à igreja matriz estão também as Festas do Deus Menino desde, pelo menos, o século XVII. Nestas inseriam-se as representações teatrais das Novenas do Menino, as declamações religiosas com a intervenção de muitas pessoas com vestes alegóricas e grupos musicais. Deste da década de 30 do século XX começou uma tradição que dura até aos nossos dias. Iniciou-se a construção do Presépio Movimentado através de uma mecânica específica assente num sistema de roldanas e cordas desenvolvida pelo professor Mota Leite. O objectivo inicial deste conhecido etnógrafo era construir uma grande manjedoura com a particularidade de inserir elementos móveis quase exclusivamente por peças artesanais. O plano de ornamentação deveu-se a um grupo de amigos da freguesia que, mais tarde, tomaram o nome de Comissão de Festas do Deus Menino de Palmeira, uma vez que se responsabilizam pelas actividades na quadra natalícia. Na altura, esta representação do nascimento de Jesus causou grande espanto, não só aos palmeirenses, mas também aos habitantes das freguesias vizinhas.

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As Festas da Senhora da Purificação eram realizadas sobretudo no interior da igreja e eram compostas pela parte litúrgica da bênção das velas, procissão interior e da “Apresentação”. Actualmente celebra-se anualmente a festa da padroeira no dia 2 de Fevereiro. No início de Novembro são secularmente realizados os sufrágios em honra das almas.

Capela de Sto. Estêvão

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Depois da transferência da capela e o culto se desviar do lugar do Penedouro (Santo Estevão-o-Velho) na segunda metade do século XIX, as Festas em honra de Santo Estêvão passaram a realizar-se na actual capela no dia 26 de Dezembro. Os figos amadurecidos e as castanhas e o vinho verde são elementos característicos desta festa muito popularizada.
Nesta capela venera-se também, desde há séculos, a imagem da Senhora da Saúde. No final do século XIX, constava de uma missa e de um grande instrumental, sermão e arraial. Nos nossos dias, continua a realizar-se um grande festejo, com luzidia procissão que vai até ao termo da freguesia, adornos de rua em quase todo o lugar e, às vezes, música.


Capela do Sr. dos Milagres

Em Maio, no segundo Domingo, tem lugar desde há séculos as Festas do Senhor dos Milagres que decorrem no largo da capela com o mesmo nome, junto ao nicho do Senhor do Rio. Realizava-se arraial com duas bandas de música, fogo de artifício e bazar de prendas. A missa era acompanhada por coro a que se seguia novas actuações das bandas de música. No século XIX esta festividade era feita a expensas da família Amorim da Casa de Coucinheiro. Eram encarnadas as imagens do Senhor dos Milagres, da Virgem Santíssima e de S. João. O arcebispo concedia 40 dias de indulgências a todas as pessoas que devotamente rezarem cinco vezes o Padre-Nosso e Ave-Maria diante da imagem do Senhor dos Milagres.
Nos nossos dias, a festa é organizada por uma comissão local que possibilita uma série de atracções musicais anteriores ao dia do Senhor. No Domingo tem lugar, na parte de manhã a missa com sermão e bênção do Santíssimo. Posteriormente realiza-se bazar de oferendas, finalizando com uma sessão de fogo-de-artifício.


Fonte: GOMES, João, "Palmeira Revisitada", Edição da Junta de Freguesia de Palmeira. No prelo

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